15.9.09

Vamos por partes

Tive recentemente uma conversa divertida e um tanto surreal com os malucos inteligentíssimos do e-Zone sobre o livro Jack, o Estripador - a Verdadeira História, 120 Anos Depois, delito cometido por mim durante um acesso de febre e do qual não guardo lembrança alguma (refiro-me ao livro, não à conversa). O podcast pode ser ouvido aqui.


O cômico e controverso Religulous, de Bill Maher, foi exibido ontem pela HBO mutilado: algumas legendas em inglês, que completavam o áudio nesse idioma, sumiram sem ser substituídas em português, deixando o documentário com quase vinte minutos de imagens sem sentido. Se eu tivesse fé em teorias conspiratórias, provavelmente acharia que os fundamentalistas estão por trás disso; mas só acredita quem não sabe. Sei que a legendagem dos programas da HBO no Brasil é montada em Caracas, uma vez que a incompetência local não basta, é preciso recorrer à de um vizinho ainda mais retrógrado e que fala outra língua. Mais ou menos como se os cidadãos da Somália recorressem aos da Suazilândia (cujo idioma é o siswati) para que lhes escrevessem placas em somali. Não admira que cada vez mais canais do grupo HBO (History Channel, A&E Mundo, etc.) estejam sendo dublados, para horror dos que apreciam programas e filmes do modo como foram concebidos por seus autores. Aliás, com a aquisição cada vez maior de canais a cabo pela classe C, em breve só ouviremos atores gringos falando "vai se danar" ao invés de "fuck you", embora com outros sotaques além do carioca, agora que não existe apenas a Herbert Richers no ramo, infelizmente.


Por falar em coisas “religículas”, a edição 2126 da Veja foi uma grata surpresa, com sua matéria de capa absolutamente imparcial — portanto crítica — sobre Edir Macedo Bezerra e sua quadrilha de sanguessugas engravatados, após ter durante anos servido de palanque ao Jim Jones tupiniquim. Será que Veja viu a luz? Não creio. Mais provável é que tenha sentido para onde o vento sopra, agora que o pseudobispo está (de novo) na mira da justiça. Do mesmo modo o famoso semanário, que elevou Collor a “caçador de marajás” (e não a Globo, ao contrário do que disse o seu agora querido amigo Lulla), não hesitou em sacudir a árvore quando viu o maracujá maduro para cair. Pena que essa nova intervenção do Ministério Público provavelmente vai dar em nada, outra vez, visto que o Bezerra de Ouro já roubou o suficiente para comprar impunidade por três vidas. O consolo é que isso tudo parece estar ao menos arranhando-o onde mais lhe dói: o bolso. Soube de fonte segura que a rede Record, menina dos olhos cobiçosos do mega-charlatão, anda enfrentando problemas de caixa, pois despediu boa parte da equipe de produção, cortou o terceiro horário de novelas e engavetou projetos como a minissérie sobre Jânio Quadros, alardeada com tanta insistência ao longo do primeiro semestre. Tarda mas não falta? Nisso eu gostaria de ter fé.