30.3.11

Apologia aos nerds

Não dá para entender o que tanta gente viu na Rede social, de David Fincher. Três Oscars e 8 indicações! Fala sério! Por um filme escuro, com uma trilha sonora chatinha — oscarizada! —, sobre um punhado de universitários que falam e digitam como metralhadoras coisas incompreensíveis para quem não pertence à tribo nerd! Oscar de roteiro adaptado? Mas se a história é igual à do telefilminho de 1999 Pirates of Silicon Valley, que trata do início da carreira de Steve Jobs e Bill Gates, os funerdadores da Apple e da Microsoft, contribuições, aliás, bem mais relevantes que o Facebook, retratado no filme de Fincher como uma nova imprensa e o pirralho Zuckerberg como um novo Gutenberg. O enredo é o mesmo: adolescentes começam a trabalhar juntos, ganham dinheiro, então o mais nerd e inescrupuloso de todos — mostrado como gênio — passa a perna nos demais, que o processam em milhões de dólares, e todos ficam bilionários no final. Bons tempos aqueles em que genialidade era criar ou inventar algo extraordinário, e não fazer um bilhão aos 19 anos..

Li que o Fincher vai dirigir a versão norte-americana do best-seller sueco Os homens que odiavam as mulheres (essa é a tradução correta, não a da Cia das Letras), de Stieg Larsson. Já de cara achei o elenco hollywoodianamente artificial: a soturna hacker Lisbeth Salander vai ser interpretada por uma bonitinha qualquer chamada Rooney Mara — que provavelmente está dando para o Fincher —, e o jornalista barrigudo Blomkvist vai ser o 007 Daniel Bombado Craig. Típico. Ruben Blades, ator latino, disse que se Hollywood fizesse um filme sobre Bolívar, colocaria um par de costeletas no Schwarzenegger. Eles nunca aprendem.

17.3.11

Lançamento do livro "Titília e o Demonão"

Ao longo de quase dois séculos, ficaram escondidas dos olhos do mundo 94 cartas íntimas do imperador dom Pedro I para a célebre marquesa de Santos, com quem manteve um turbulento caso de amor que constituiu o mais ruidoso escândalo da sua época e o maior romance da nossa história. Agora, transcritos e comentados com erudição ímpar, esses documentos profundamente humanos e de incomparável valor histórico nos mostram um jovem monarca impetuoso e apaixonado, dono de aguçado senso de humor, que escreve coisas libidinosas à amante, tenta acalmar as crises de ciúme dela ao mesmo tempo em que esbraveja, movido pelo mesmo estado emocional, mas também revelam um homem atencioso para com a mulher amada, os desabafos dele, sua preocupação com os problemas brasileiros, seu interesse e carinho pelos filhos, permitindo-nos conhecer de fato a personalidade do líder que promoveu a nossa Independência, ao mesmo tempo em que descortinam, por meio de detalhes prosaicos, um rico painel da vida cotidiana e dos costumes do Brasil durante o Primeiro Reinado.