17.9.08

15º Porto Alegre em Cena

Começou bem o meu acompanhamento do 15º Porto Alegre em Cena, com o imperdível espetáculo Conceição, no qual dançarinos do grupo recifense Experimental fazem de seus belos corpos ondas do mar, pontes, rãs alienígenas e sacrários.





Em Fausto, a atração mais esperada desta edição do melhor festival de teatro do Brasil, o lituano Eimuntas Nekrosius subverte mais uma obra clássica, como fez brilhantemente em 2006 com seu Otelo. O texto de Goethe é mero pretexto, ninguém reage conforme se espera. Em situações de angústia e estresse, os intérpretes empunham objetos inúteis, tropeçam a esmo, repetem gestos sem sentido à exaustão. Nem tudo são alegorias — como o osso gigante que alude ao diabo, ao cão —, é perda de tempo procurar entender ou interpretar cada abstração ou elemento cenográfico insólito, cumpre tão-somente ver e sentir.


O diretor britânico Peter Brook não fez jus à sua reputação com The Grand Inquisitor. Sim, Bruce Myers declama muito bem o seu monólogo, ninguém discute isso, mas o texto não é teatro, é um mero capítulo do romance Os Irmãos Karamázovi, em que ele, Myers, faz de narrador e personagem ao mesmo tempo, sem nuanças entre um e outro. "Então ele disse: 'Tal coisa'." Sorry, não funciona.








Ontem foi a vez da montagem argentina da peça do norueguês Jon Fosse, La Noche Canta Sus Canciones, cuja excelência, realismo, concisão e tensão permanente demonstram que não só de Ibsen vive a dramaturgia da Noruega.