27.5.07

Brutus ou Bruto?

A exibição da excelente série televisiva britânica Roma tem fornecido novos pretextos para que a influência excessiva do idioma inglês cause ainda mais estragos no nosso. À força de ouvir e ler nomes latinos pronunciados na sua forma arcaica, muitos brasileiros são levados a crer que essa forma é mais fiel do que sua forma moderna, ou seja, “Titus Pullo” ao invés de “Tito Pulo”, “Cassius” ao invés de “Cássio”, “Brutus” ao invés de “Bruto”, etc. Mas arcaico não quer dizer, necessariamente, fiel.


Na verdade, essa forma arcaica do latim é adequada apenas para uso dos idiomas não-latinos, como o inglês, pois em todos os idiomas neolatinos, isto é, oriundos do latim, houve uma evolução que precisa ser observada. Assim, o antigo “Claudius” tornou-se, em português e em espanhol, “Cláudio”, em italiano, “Claudio”, e em francês, “Claude”. Alegar que, em português, “Tiberius” e “Tarentum” são formas mais fiéis ao latim original do que “Tibério” e “Tarento”, é o mesmo que alegar que “Philippe da Hespanha” e “pharmacya” são mais fiéis ao português original do que “Filipe da Espanha” e “farmácia”.