13.12.07

Reality show com glamour

Para a maioria dos marmanjos, um programa tão feminino como Brazil's Next Top Model é uma mera desculpa para ver mulheres bonitas. Não nego ser um deles, sobretudo porque abomino reality shows. Esse, no entanto, tem um propósito específico e bastante pragmático, ao contrário dos Big Brothers da vida: introduzir uma nova supermodelo brasileira no competitivo e anoréxico mercado internacional da moda.

Não assisti ao programa original norte-americano, do qual este é a versão brasileira. Quem viu, disse que o de lá conta com muito mais recursos: grande novidade. Só sei que o daqui, a despeito da simplicidade local, parece feito com doses razoáveis de profissionalismo e bom gosto. Ele é informativo na medida em que deixa claro não se tratar de um concurso de beleza, e a transformação física das jovens concorrentes ao longo dos episódios salta aos olhos. A modelo Fernanda Motta é uma apresentadora competente, e a consultora de moda Érica Palomino faz um papel parecido ao do jurado de programa de auditório que sempre desanca o calouro.

O pior do programa são as intervenções estilo reality show, a saber, supostas brigas, picuinhas e desabafos das jovens, flagradas por câmeras indiscretas nos dormitórios da casa onde elas vivem confinadas durante a competição, como se esta só tivesse graça se temperada por cenas de alcova. Também incomoda um pouco constatar quão impiedoso, quão nocivo o mercado da moda pode ser ao vermos moças lindas, esbeltas e saudáveis chamadas de "gordas" por não serem esqueléticas, ou de "feias" por não serem fotogênicas, ou mesmo de "velhas" por terem mais de dezenove anos.